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Nascida no Rio de Janeiro em 4 de fevereiro de 1963, Andrea Ernest Dias iniciou seus estudos de música aos 7 anos, nos Seminários de Música Pro-Arte, com as professoras Salomea Gandelman, pelo método Orff, e Elza Schachter, com quem aprendeu leitura musical e piano. 

Com a transferência da família para Brasília em 1974, passou a ter aulas de piano com Elza Kazuko Gushikem e aos 12 anos começou a estudar flauta com sua mãe, Odette Ernest Dias, e a fazer música de câmara com seus irmãos. 

Na adolescência, fez parte da Banda Sinfônica da Escola de Música de Brasília, grupo vencedor do I Concurso Nacional de Bandas da Funarte, e frequentou os Festivais de Inverno de Ouro Preto, onde teve as primeiras vivências com a música contemporânea, nas oficinas do compositor Lindembergue Cardoso e em obras coletivas de Joaquin Orellana e Dante Grela. Ainda na adolescência, com interesse na música barroca, teve aulas de cravo com Maria de Lourdes Cutolo e Helena Jank. Também nessa fase, teve contato com o choro, nas reuniões do Clube de Choro de Brasília que aconteciam no apartamento de sua família, agregando expoentes do gênero radicados na capital, como Waldir Azevedo, Avena de Castro, Bide da Flauta, Nivaldo de Souza, Pernambuco do Pandeiro e Alencar 7 Cordas. 

Em 1980 ingressou no bacharelado em música da Universidade de Brasília, onde estudou sob a orientação de Odette Ernest Dias, Sônia Born, Bohumil Med, Paulo Afonso de Moura Ferreira e Cláudio Santoro, entre outros professores. 

Nesse período fez parte do grupo Instrumental e Tal, com quem teve a primeira experiência em estúdio, em 1982, gravando o compacto duplo Suíte Brasília, produção independente do grupo, do qual também faziam parte seus irmãos Beth e Jaime. Ainda nessa fase, foi professora de flauta do MusiKa Centro de Estudos e integrante do Trio Musika, com a pianista Maria Celia Vieira e o violoncelista Jorge Armando, em Goiânia, para onde viajava semanalmente. 

Foto Mariza Versiani Formaggini

Em 1983, recém-formada, transferiu-se definitivamente para o Rio de Janeiro, onde passou a atuar em estúdios, integrando naipes de sopro de gravações para renomados artistas da música popular, como Caetano Veloso, Chico Buarque, Moacir Santos, Rosa Passos, Baden Powell, Guinga, Edu Lobo, Cássia Eller, Gal Costa, Milton Nascimento, Dona Ivone Lara, Olivia Hime, Martinho da Vila, Olivia Byington, Zeca Pagodinho e Zé Keti, entre muitos outros; e arranjadores como Jaques Morelembaum, Wagner Tiso, Luiz Cláudio Ramos, Célia Vaz, Gilson Peranzetta, Maurício Carrilho, Cristóvão Bastos, Eduardo Souto, Sérgio Ricardo, Chiquinho de Moraes, Jota Moraes, Leandro Braga, David Tygel, Tim Rescala e Alberto Rosenblit. Gravou também em inúmeras trilhas para o cinema nacional e televisão; sua flauta é ouvida na abertura da novela Éramos seis, na versão de 1994 do SBT, e nos filmes O Quatrilho, Tieta, Orfeu, Quem matou Pixote, Pequeno dicionário amoroso, Vida de menina, For all, A hora marcada e Jacobina. 

Em 1984 passou a fazer parte da Orquestra de Música Brasileira, dirigida por Roberto Gnattali, e em 1985, após um estágio em música contemporânea com o flautista francês Pierre-Yves Artaud, permaneceu oito meses em Paris, sob sua orientação, no Conservatoire Supérieur Regional de Boulogne-Billancourt. 

De volta ao Brasil e com uma bagagem musical já bastante diversificada, passou a ser presença constante nos estúdios e palcos da música popular, da música de câmara e do teatro musical, com destaque para sua atuação no espetáculo Theatro Musical Brazileiro 1860- 1914, encenado por Luiz Antônio Martinez Corrêa. A partir de 1987, participou de quase todas as edições das Bienais de Música Brasileira Contemporânea, estreando inúmeras obras de câmara e solos para flauta. Também neste período, foi do quadro de professores da Escola Brasileira de Música, dirigida pelo percussionista Luiz D’Anunciação e pelo compositor Nelson de Macedo, de quem foi intérprete no CD Mosaico, em trio com o cavaquinista Jayme Vignolli e o violonista Bartolomeu Wiese. 

Em 1988, a convite do pesquisador e cavaquinista Henrique Cazes, passou a integrar a Orquestra Pixinguinha, com quem gravou, ineditamente, dois CDs com orquestrações originais de Pixinguinha. 

Em 1990, após concurso público, foi contratada pela Orquestra Sinfônica de Recife, onde fez seu primeiro solo à frente de uma orquestra sinfônica, interpretando o Concerto n.1 para flauta em sol maior, de W.A. Mozart. Em Pernambuco, movida pela sua tendência versátil e curiosidade musical, aproximou-se da cultura regional nordestina e das sonoridades das bandas de pífanos, indo ao encontro de João do Pife, em Caruaru, e frequentando os ensaios dos grupos de maracatu e afoxé que aconteciam regularmente na cidade de Olinda, onde morava. 

Em 1991 voltou ao Rio de Janeiro para assumir a vaga de flautista, também conquistada por concurso público, na Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense, onde atuou até 2019. Na OSN UFF, além de flautista e solista em diversas ocasiões, foi eleita presidente de sua Comissão Artística para as temporadas sinfônicas de 2013 e 2014, onde começou a desenvolver sua inclinação para a curadoria musical na música brasileira, seus autores e obras, criando a Mostra OSN de Música Brasileira da Atualidade. Com a OSN UFF estreou a obra Música do Imbuí para flauta e orquestra, de Pauxy Gentil-Nunes, sob a regência de Roberto Victorio, em 2014. 

 

Em 1994 deu a primeira audição do Divertimento para flauta em sol e cordas, de Radamés Gnattali, com a Orquestra Opus-Rio, sob a regência de Ricardo Prado. 

Em 1995 tocou em trio com o fagotista Noel Devos e o clarinetista José Botelho no concerto comemorativo da Independência do Brasil, na sede da Missão Brasileira na ONU em Nova York, interpretando Villa-Lobos e Lorenzo Fernandez. 

Em 1997 frequentou a classe de aperfeiçoamento do flautista suíço Aurèle Nicolet, no estágio de verão da Accademia Musicale Chigiana, em Siena, Itália. Sócia-fundadora da Associação Brasileira de Flautistas em 1994, fez parte do elenco do III Festival Internacional de Flautistas, no Rio de Janeiro, em 1997, promovido pela ABRAF. Em 2016, 2018 e 2019, foi artista convidada do Encontro Carioca de Flautas do Instituto Villa-Lobos / UniRio. 

 

Ainda em 1997, como parte das comemorações do centenário de Pixinguinha, foi destaque na programação do Centro Cultural Banco do Brasil e convidada a integrar o Quinteto Pixinguinha, com os flautistas Mauro Senise, Kim Ribeiro e Franklin da Flauta, e o violonista Raimundo Nicioli, resultando nos CDs Pixinguinha 100 anos ao vivo no CCBB e Quinteto Pixinguinha. Nesse ano, também, passou a integrar a Camerata Gama Filho, dirigida por Paulo Sérgio Santos, Bia Paes Leme e Caíque Botkay, com a qual se apresentou no palco do Culturgest, em Lisboa, e gravou o CD Camerata Gama Filho, lançado em 1998. 

 

Paralelamente à sua vida profissional, concluiu o mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1996, com a dissertação A expressão da flauta popular brasileira: uma escola de interpretação, orientada por Celso Woltzenlogel e Heitor Alimonda; e doutorado na Universidade Federal da Bahia, em 2010, com a tese Mais coisas sobre Moacir Santos, ou os caminhos de um músico brasileiro, orientada por Lucas Robatto. Também fez estudos de Harmonia e Análise Musical com Antônio Guerreiro de Faria, Paulo Costa-Lima, Carlos Alberto Figueiredo e Vittor Santos. Como consequência de sua formação, passou a integrar bancas de mestrado e doutorado em universidades brasileiras como a UNICAMP e a UNIRIO.

Em 1994, o flautista e saxofonista Carlos Malta a convidou a participar da criação do grupo Pife Muderno, do qual também fazem parte os percussionistas Marcos Suzano, Oscar Bolão, Bernardo Aguiar e Durval Pereira. Com o grupo, que completou 26 anos de atividades ininterruptas em 2020, viajou pelas capitais brasileiras e diversos países, tocando em importantes palcos e festivais nacionais e internacionais, destacando-se os concertos no Forbidden City Concert Hall, em Pequim, em 2011; na programação Voices from Latin America, com curadoria de Gilberto Gil, Chucho Valdez e Gustavo Dudamel, no Carnegie Hall de Nova York, em 2012; no Ground Up Music Festival, Miami, em 2016; no MIMO Festival em Glasgow, Escócia, em 2016 e no Palco Tom Jobim do Rio Montreux Jazz Festival, em 2019.  Com o grupo, gravou os CDs Pife Muderno (indicado ao Latin Grammy em 2000), Paru e Pife Muderno ao vivo na China.

Em 2001, a convite dos músicos e produtores Zé Nogueira e Mario Adnet, e desde então, fez parte do projeto Ouro Negro, que resgatou a obra de Moacir Santos no Brasil, resultando nos premiados CDs Ouro Negro, Choros & Alegria e no DVD Ouro Negro. Com a Orquestra Ouro Negro se apresentou no Rose Theater do Lincoln Center, em Nova York e em palcos de destaque para o jazz no Brasil, como o Free Jazz Festival e Festival Moacir Santos.

Em 2005 lançou seu primeiro álbum como solista, o CD Andrea Ernest Dias & Tomás Improta, pela gravadora Biscoito Fino, com texto de apresentação de Edu Lobo. Ainda nesse ano, fundou o Trio 3-63, com o percussionista Marcos Suzano e o pianista Paulo Braga. O trio estreou na programação Visions du Brésil do GMEM - Centre National de Création Musicale de Marseille, na França,  e participa, desde então, de importantes programações e festivais de música instrumental e jazz, como PERCPAN e Floripa Jazz. Com um conceito de música popular de câmara, o trio lançou, pelo selo Sambatown, os CDs Trio 3-63, com texto de apresentação de Arthur Nestrovski, e Muacy, com texto de apresentação de Roberto Muggiati.

A partir de 2006, o compositor Moacir Santos passou a ser um de seus objetos de maior interesse musical. É a autora do livro Moacir Santos, ou os caminhos de um músico brasileiro (Livraria e Edições Folha Seca / CEPE, 2014, 2016), fruto de sua tese de doutorado, e curadora do Festival Moacir Santos, que reúne músicos renomados e estudiosos da obra do compositor pernambucano. O livro deu base à série especial de cinco episódios sobre a vida e obra de Moacir Santos, transmitida pela Rádio MEC FM e retransmitida em todo o país pela Rádio Nacional AM e pela Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles, em 2016; e resultou também na pesquisa e direção musical do concerto Moacir Santos Sinfônico, em parceria com a OSN UFF, transmitido ao vivo da Sala Cecília Meireles pela Rádio MEC FM, em 2018, e pela TV Brasil, no Programa Partituras.

Em 2009 fez a direção musical e lançou os CDs Choros Amorosos, com o pianista Cristóvão Bastos, o violonista João Lyra e o percussionista Bernardo Aguiar e Em torno de Villa-Lobos, ambos pelo selo Fina Flor. 

 

A partir de 2016 passou a integrar o Abstrai Ensemble, grupo especializado em música contemporânea  baseado no Rio de Janeiro e dirigido por Pedro Bittencourt, com o qual lançou o CD Experiência, em 2018, em concerto na Sala Cecília Meireles. 

 

Em 2017 formou duo de câmara com a violonista Elodie Bouny, estreando no MIMO Festival em Paraty, em edição dedicada à presença feminina na música. 

 

Em 2019 fundou o Andrea Ernest Dias Quarteto, com o pianista Pedro Fonseca, o contrabaixista Miguel Dias e o baterista Felipe Larrosa Moura e  integrou a Comissão Curadora da XXIII Bienal de Música Brasileira Contemporânea. 

 

Em 2020, em virtude de pandemia, foi artista convidada do Home Stage Festival, festival virtual internacional promovido em Portugal; fez a curadoria e apresentação do Festival Moacir Santos Edição Especial em versão virtual, e apresentou-se em recital solo dedicado à música contemporânea brasileira para flauta na série Arte em Cena, promovida pelo SESC RIO. 

 

É autora, ao lado de Bernardo Aguiar, de trilha sonora  original para duas temporadas da série audiovisual Na boca do povo, dirigida por Sérgio Bloch.  

 

Além de instrumentista, foi professora de flauta também na Oficina de Música de Curitiba; Festival de Inverno da UFMG em Diamantina e São João Del Rey; Curso Internacional de Inverno Scala, em São João Del Rey; Festival Internacional de Música de Londrina; Festival Pro-Música de Juiz de Fora; Painéis de Banda de Música da Funarte (Morretes, SC e Vigia, PA); Seminários de Música Pro-Arte (RJ) e Projeto Villa-Lobinhos (RJ). 

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